segunda-feira, 6 de maio de 2013

O mundo é uma concha


O que mais prezo é a graça do gesto solto, independente de cálculos, aquele que surge do coração e quando a gente vai ver, já tá feito e pronto.
A gente sai de manhã, vai para o trabalho pelo mesmo caminho que usou ontem e que usará amanhã, e o trabalho, é claro, também é o mesmo.
A rotina é sobretudo tranquilizadora. E é tranquilizadora porque nos dá a sensação de que nada de inesperado, nada com que saibamos lidar, vai nos acontecer. Há momentos porém que tudo o que queremos da vida é que coisas inesperadas aconteçam. É pela janela do inesperado que entra o maravilhoso.
Se Aladim tivesse entrado naquele mesmo hipermercado que costumava frequentar se dirigindo à seção de utilidades domésticas para comprar uma 'lanterna', é pouco provável que a esfregasse - as lanternas dos hipermercados são espanadas diariamente por funcionários dedicados. E, se esfregasse, é certo que dela não sairia nenhum gênio.
As lanternas que têm gênios, as garrafas que têm mensagens, os tapetes que voam são aqueles encontrados em pequenos antiquários, em ruas que a gente não costuma frequentar.
Somos completamente livres pra chegar e partir de acordo com a nossa vontade. É pelas estradas do mundo que caminha a espontaneidade, também conhecida como aventura. Andar pela estrada é sinônimo de andar pela vida. Não é preciso ir longe. Basta ir ao novo. Quem anda a esmo não está a esmo. Está à caça. Caça de sensações, surpresas e pequenos estremecimentos.
Enquanto isso a gente fica escutando as canções, olhando o tempo indo embora...
Por dentro a gente sabe, a emoção de cada coisa que a gente vive, vai ficar em nós pra sempre. Não importa o que digam.